o mês de Setembro.




Os dias do calendário vão passando, à medida que vai entrando um novo mês. Que ano caótico este. Virou a vida de todos de pernas para o ar, cancelou os nossos planos, adiou alguns sonhos e voltou a trazer incertezas. Que não podemos dar nada como garantido, isso é mais do que certo. Mas temos de saber olhar para tudo o que acontece ao nosso redor e aprender a viver com as lições que a vida nos dá. Há pouco tempo falei que tinha saudades do tempo de estarmos em casa, de quarentena. Acho que nessa altura as pessoas no geral estavam mais conscientes do perigo, tinham mais respeito pelo próximo e não tinham constantemente comportamentos de risco. Ninguém sabe o dia de amanhã, mas a vida ensinou-me que devemos cuidar e proteger os outros, da mesma forma que queremos e devemos proteger os nossos. Meio ano se passou desde a pandemia, meio ano em que muitos de nós nos reinventamos, em que descobrimos novos talentos e novas paixões. Mas a essência continua aqui, ainda que agora nos tenhamos que adaptar aos novos dias que têm vindo a surgir. Se por um lado a quarentena nos tornou mais humanos e conscientes, o fim da mesma trouxe para alguns uma sensação de falsa liberdade. Ainda não está tudo bem. Para que isso aconteça temos de parar para pensar. Para ver o que podemos fazer de diferente e de melhor. Que atitudes podemos tomar para não pôr em perigo quem está à nossa volta. Por outro lado, também sinto falta da minha rotina. Das minhas coisas. De poder ir ao futebol ao domingo, de andar descansada no metro sem uma máscara a cortar a respiração, de poder ir passear pela baixa do Porto sem ter de me distanciar de outras pessoas. Somos feitos de contacto, de emoções. Somos feitos de histórias, de momentos e de sentimentos. Movem-nos as relações e a comunicação. Ainda que nada seja como antes, nem esteja perto de ser, vamos pensar um bocado mais no outro. Em ceder o lugar do autocarro a um velhinho, a não levar o gel para casa de uma loja, porque há quem precise de usar. Vamos ter mais consciência, estar unidos, mesmo que distantes e acima de tudo, acreditar que com a ajuda e o empenho de todos, isto vai passar. Porque eu acredito que vai. Pode demorar o seu tempo, mas não tarda estaremos livres. Para ser o que sempre fomos e o que nunca deixamos de ser: nós.

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