amar é deixar ir.

Olá. Estes dias estava a falar com um senhor no banco do jardim e inevitavelmente lembrei-me de ti. Perdi a conta ao tempo que estivemos a conversar sobre coisas tão simples, mas que fazem tanto sentido. Falamos dos tempos que mudaram , da forma como esta geração tem tornado as relações e as pessoas mais descartáveis. Ele contou-me que só teve um grande amor, mas que não pôde ser vivido porque os pais dela nunca o aceitaram. Contou-me que se casou com outra mulher, mas que sempre soube a quem o coração dele pertencia. E eu por momentos lembrei-me de nós e de toda a nossa história. Os altos e baixos. O que foi dito, vivido e de tudo que ficou por viver. Porque amar alguém é exigente, uma tarefa árdua mas que vale a pena. Ele disse que amar é crescer, de mão dada com o outro, é por vezes olhar mais para o outro do que para nós e fazer muitas cedências. Que o orgulho não serve de nada nas relações e só atrapalha. Nesse momento a minha voz fraquejou e o coração ficou apertado. Como se  me estivessem a dar um murro no estômago, sabendo perfeitamente que aquilo era uma verdade absoluta. E esse momento fez-me olhar para trás e pensar em tudo. Que éramos demasiado novos para saber enfrentar as adversidades da vida e que com as nossas decisões fomos obrigados a crescer e olhar para a vida e para o amor de outra forma. E de ti quero manter sempre essas bonitas recordações. O carinho, a partilha, o amor e a cumplicidade. Os serões a ver filmes. Todas as tardes no sofá com o cobertor em cima, enquanto nos ríamos por parecer que tínhamos 70 anos. E um dia mais tarde quando me perguntarem o que é o amor, quero falar o teu nome e sorrir. Hoje sei que estás bem e feliz, que a vida segue tal e qual sonhaste. Hoje consigo olhar para trás e perceber muita coisa, tirar ilações e perceber que amar é também deixar ir . É saber bater com a porta sem olhar para trás e nunca desacreditar no amor e no que a vida tem para dar.