saudades.



Olá. Esta semana perguntaram-me por ti e, na verdade, nem sei dizer o que me gelou mais. Se a boca, se o coração. A vida vai passando a uma velocidade-luz, cada dia que passa as coisas mudam, ficamos mais adultos e no meio de tanta volta sempre me perguntei onde estás e como estaria a nossa história, se tivesse tido a coragem necessária de ir atrás de ti e do teu sonho. Sei que todos os anos podes mudar de país, porque a profissão assim o exige, sei que basta pôr o teu nome no google, que de imediato me vai aparecer a tua foto vestido com a camisola ao clube ao qual agora pertences. Sempre admiraste a minha forma de lidar com os sentimentos, dizias que se toda a gente fosse como eu secalhar não sofríamos tanto. Acho que ganhei esta proteção contigo, no dia em que te vi entrar naquele avião. Sei que nunca irás entender o porquê de nunca te ter ido visitar mas tu sabes que ainda ia custar mais. Faz tempo que não vejo a tua família. Espero que os teus irmãos continuem lindos como sempre e irrequietos e que a tua mãe continue com aquela doçura na voz e paciência que tão bem lhe caracteriza. Se visses a minha casa, ias ficar tão feliz por mim. Tenho a certeza de que irias querer jogar à luta de almofadadas, que a meio da noite te ias levantar para ver se tenho algum chocolate no frigorífico. Sempre foste assim e tenho a certeza de que isso não mudou. Lembro-me do ano em que vieste de férias ao Porto e apareceste em minha casa de surpresa. As saudades eram muitas e havia tanto por dizer. Sempre adoramos que tanto tu como eu tínhamos sempre assunto, nunca nos faltava o que dizer ou o que contar. Lembro-me tão bem de todos os nossos jantares, das tardes na praia de Matosinhos a jogar à bola, do pôr do sol, das vezes em que tentavas cozinhar para mim e a tua mãe entrava na cozinha a rir, porque o cheio a queimado já se sentia na sala. Lembro-me de me pedires para escolher a tua roupa, sempre que tinhas um jantar do futebol, das vezes em que me ligavas de madrugada porque te apetecia estar comigo no dia a seguir. Lembro-me do dia em que conseguiste o teu primeiro carro, da primeira chamada quando foste chamado à equipa na qual sempre sonhaste jogar, lembro-me do dia em que te chamaram para ires jogar fora e acima de tudo lembro-me de ti. Das vezes em que apanhavas o cobertor do chão e o punhas de novo a tapar o meu corpo, de toda a vez que me trazias o pequeno-almoço à cama, das vezes em que na mesma noite punhas a minha música preferida a tocar, porque sabes que nunca me canso dela. Lembro-me das tardes a jogar Fifa, das fotos que nunca gostaste de me tirar, das idas ao Mac de madrugada e de me contares tudo sobre ti, todos os dias. Sei que estás a brilhar, seja em que clube for ou país, porque o palco, esse, será sempre teu. E eu também.

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