sobre ela.

Ela não é uma menina igual às outras. Não é das que se conquista no primeiro jantar quando lhe ofereces uma flor e também não se vai apaixonar por ti por lhe ofereceres o seu chocolate preferido. Ela gosta de ser conquistada aos poucos. Que a leves ao cinema, que a deixes escolher o filme e que a faças sentir importante, sempre. Ela não tem paciência para grandes jogos. Gosta de preto no branco e não é de meias-palavras. Adoro surpresas mas não tem jeito para prepará-las, porque a ânsia de contar torna-se maior do que tudo. Ela não bebe café, nem gosta daqueles engates de adolescentes. Ela não gosta que lhe dêem ordens, não gosta que se metam na vida dela e muito menos que tentem proibí-la seja do que for. Ela vai dizer-te que já tem planos, mesmo que não os tenha. Ela vai dizer-te que não tem paciência para sair, quando a maior vontade dela é que te metas no carro e a vás buscar. Ela vai-te dizer que está farta de ouvir baladas, quando a música preferida dela continua a ser a mesma que passava na rádio quando ela era pequenina. Ela vai-te dizer que não acredita em contos de fadas, mesmo que seja uma sonhadora nata. Ela não nasceu para viver em função de alguém. Ela nasceu para ser ela mesma. Para decidir o que quer. Para errar por ela mesma e saber dar a volta por cima, sozinha. Ela nasceu para brilhar, para conquistar o Mundo, com aquele seu ar destemido, que como todas as outras meninas têm medos, embora os esconda num lugar seguro. Ela tem sonhos, mas não é muito boa a falar sobre eles. Ela quer tudo e há dias em que não lhe apetece rigorosamente nada. Só estar na dela. Com a coluna a passar as suas músicas, a cozinhar, a cantar, a ser ela mesma. Ela não tem jeito para dançar e é desajeitada por natureza, mas é capaz de chegar à pista de dança e conquistar pela sua boa energia. As amigas dizem que ela é a mais tola, a mais bom-coração e a de sorriso mais fácil. Os amigos dizem que ela é diferente, que sabe mais do futebol que muitos rapazes, que é inteligente e que vai chegar longe. Ela é a melhor a planear viagens, a descobrir hostéis, a fazer amigos por onde passa e a pior a decorar caminhos. Ela chega a qualquer lado e fala com meio Mundo, mas quando tem uma má vibe em relação a alguém, raramente se engana. Ela confia deconfiando e é capaz de fazer um relatório detalhado sobre alguém que conheceu há uma hora. Ela é bruta, mas um coração mole. Ela não sabe gerir bem emoções, tem o coração perto da boca, diz quase tudo o que lhe apetece e aos poucos foi aprendendo quando deve estar calada. Mas para ela não é fácil. Ela nasceu para comunicar, para fazer o que gosta e para lutar por tudo aquilo em que acredita. Ela sou eu, com tudo o resto que falta acrescentar.

Francisca Cochofel,

18/02/2020