vida.


Sabes ao primeiro café da manhã. Ao pôr-do-sol, numa tarde em que as ondas do mar batem tão fortes nos nossos joelhos, que temos a certeza de que pertencemos aquele lugar. E um ao outro. Sabes às torradas cheias de manteiga e falas com tanta força, como a do vento, nos dias de tempestade. Pareces um autocarro, sempre de um lado para o outro, mas, no fim do dia, acabas sempre aqui. Agarrado ao nada como já soubesses tudo. Vejo em ti todos os primeiros beijos, todas as primeiras palavras, todos os primeiros amores. Vejo em ti todas as gargalhadas de crianças; todas as juras de amor; todos os sonhos de um puto que não pensa em mais nada a não ser em jogar à bola. Vejo em ti uma montanha, mas que nunca tem fim. Nunca sabemos onde será o topo, nem o que estará à nossa espera. Vejo em ti um cruzeiro. Uma viagem só de ida. Uma porta aberta e uma janela misteriosa. Imagino em ti, todos os sonhos do Mundo. Imagino-te em Nova Iorque; em Paris e em Itália. Imagino-te a ires buscar os nossos miúdos à escola, no teu carro de sempre. Sabes a segredos. E a conquistador de sonhos. Imagino-te a dar voltas ao Mundo e a voltar sempre para o mesmo lugar. Imagino os teus olhos daqui a uns anos e a forma diferente como aprendeste a contar piadas de outra forma. Imagino o modo como vais olhar para a vida. A perguntar se hoje me apetece ir ao cinema ou apenas ficar a olhar para ti. Imagino-te a contar histórias aos nossos netos, enquanto me pedes para te fazer um bolo. Vejo-te a dizer o resto da vida que gosto mais de mim do que de Nutella. E logo tu, que não passas um dia sem pegar naquela frasco e misturá-lo com tudo, como se a vida assim ficasse bem mais fácil. Imagino o nosso escritório e os nossos serões a ver filmes de terror. Aqueles em que me escondo debaixo da secretária. Imagino-nos a ver o Porto ser campeão e apanharmos o primeiro voo para Londres, Imagino-te a pôr a mesma música cinquenta vezes, só porque o silêncio te incomoda. Imagino-te numa casa deserta e a transformares tudo à tua volta em magia. Imagino uma vida ao teu lado, em que cada dia é uma nota musical. E que essas notas nunca tenham fim. És a melhor melodia que conheci e não me imagino a ouvir, outra música qualquer,

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