carta* ♥

"Olá. Escrevo-te sem ofensas, para deixar bem claro que não sou teu inimigo, nem nunca fui. Apenas ocupei o lugar que deixaste vago na vida dela. A culpa, por muito que aches que não, foi tua. Deixaste-a ir, depois de mais uma crise infantil que a fez ter a certeza que não te quer mais. Eu via todos os dias o que ela passava, a forma como reagia quando se chateava contigo, a mágoa que sentia por as coisas não darem certo. Tenho a certeza de que ela gostou de ti e ainda gosta. No fundo, sei que vai sempre gostar. Porque ela é assim. Por mais que possa esquecer, continua a preocupar-se com as pessoas que a magoaram, só porque ainda nutre um grande carinho por elas. E por ti é igual. Espero que não confundas esse carinho com Amor porque são coisas completamente distintas. Ela sentiu Amor, não tenho dúvidas disso. Com ela, aprendi que o Amor surge nas coisas mais estranhas e acaba com as mais parvas. Tenho a certeza de que ela vai sempre ser tua amiga, embora não passe nunca mais disso. Sei que ela te respeita, mesmo que aches que não perdeu tempo e veio a correr para os meus braços. Se pensas isso, não sabes nada. Não sabes o tempo que me mantive em silêncio à espera de uma oportunidade. Aquela oportunidade que tu deixaste escapar mas que qualquer outro rapaz quer dar valor. Dar valor a acordar ao lado dela todas as manhãs e rir-se por ela dizer que  ao natural não é nada de mais. Todas aquelas birras, amuos, só mostram que ela quer saber, que ela se importa. A paciência nunca foi um dos fortes dela, mas se estiveres mal, vai ser a primeira a ajudar-te. Até pode estar numa festa no meio dos amigos, mas tu vais ser a prioridade dela. E não lhe importa que tenhas bebido uns copos a mais desde que a respeites e saibas pedir desculpa no dia a seguir. Saibas abraçá-la, dar-lhe um beijo na testa e dizer-lhe que é a tua pequenina. Para pessoas como ela o pouco é muito, desde que seja sincero. Quero que saibas que não te vim cobrar nada, nem roubar nenhum lugar. Apenas estou a lutar pelo que quero, coisa que tu nunca soubeste fazer. Com ela aprendi a dar valor a coisas pequenas, como um simples passeio na praia ou uma noite a contar as estrelas. E depois dessa noite, percebi que não há estrela que brilhe mais, do que o sorriso dela."

Francisca Cochofel