reviravolta

Olá. Da última vez que vos escrevi, estava de malas aviadas, a caminho de Málaga. Parece que o destino se decidiu armar em engraçadinho e trocou-me as voltas. Desde o incidente em que o voo foi cancelado, as coisas só vieram a piorar. Ainda assim, prometi a mim mesma que não ia desistir e que queria continuar aqui, de pé, a mostrar a todos aqueles que não acreditam em mim, que sou capaz. Mais do que isso, queria provar a mim mesma a força que tenho e que não são pequenas coisas que me vão deitar a baixo. Não vos escrevo para terem pena de mim, nem para vos deixar preocupados. Simplesmente, hoje decidi abrir o coração e contar-vos o dia que mudou a minha vida para sempre. Parece muito dramático, não é verdade? E acreditam que queria que não o fosse. Estava tão contente por conhecer Málaga, já tinha feito amigos e tudo! E se não fossem eles não se o que seria de mim agora. Acontece que ontem sofri uma tentativa de assalto, que me fez questionar o que ainda faço aqui. Sei que é uma oportunidade única, mas depois disto, não tenho mais condições para cá ficar. A cabeça não deixa e o corpo não quer. Sei que se não for agora é porque não tinha de ser e que quando se fecha uma porta, abre-se uma janela. E eu vou voar, outra vez. Voltar à minha cidade onde sei que posso não esquecer isto, mas pelo menos não está tanto presente na minha cabeça. Preciso de voltar às aulas, de estar com os meus amigos, com a minha família e com o meu namorado. Não estou a fugir, estou a tentar recomeçar. Quero sair do país de novo, mas não agora. Mais tarde, talvez quando acabar o curso, quem sabe. Em uma semana tive demasiadas provas e por agora, chega. Preciso de estabilidade. Não peço que entendam, só que respeitem. Sei que vai haver muitas perguntas na mesma e comentários mas peço que me respeitem, apenas isso. Amanhã estou de volta e só quero normalizar as coisas e voltar a ser eu. Meninas, tenham cuidado na rua, porque até nos sítios mais seguros as piores coisas acontecem. Resta-me agradecer a quem está comigo, no bem, no mal e que apoia as minhas decisões, sejam elas quais forem. Agora está na hora de acabar a mala e de me depedir de Málaga. Não quero sair daqui triste mas sim feliz. Porque conheci gente maravilhosa e estive em sítios lindos. E porque tentei. Mas por agora preciso da minha casa, do meu espaço e das minhas coisas. Amanhã é um novo dia e eu se que a minha vida, ainda está a começar.