"alguém me ouviu?"


"Não me resta nada, sinto não ter forças para lutar. É como morrer de sede no meio do mar e afogar. Sinto-me isolado com tanta gente à minha volta. Vocês não ouvem o grito da minha revolta. Choro a rir, isto é mais forte do que pensei. Por dentro sou um mendigo que aparenta ser um rei. Não sei do que fujo, a esperança pouca me resta. É triste ser tão novo e já achar que a vida não presta. As pernas tremem, o tempo passa, sinto cansaço. O vento sopra, ao espelho vejo o fracasso. O dia amanhece, algo me diz para ter cuidado. Vagueio sem destino nem sei se estou acordado. O sorriso escasseia, hoje a tristeza é rainha, não sei se a alma existe mas sei que alguém feriu a minha. Às vezes penso se algum dia serei feliz, enquanto oiço uma voz dentro de mim que diz: Chorei, mas não sei se alguém me ouviu. Então sei se quem me viu sabe a dor que em mim carrego e a angústia que se esconde. Vou ser forte e vou-me erguer e ter coragem de querer, não ceder, nem desistir. Busquei nas palavras o conforto, dancei no silêncio morto e o escuro revelou que em mim a Luz se esconde. Não há dia que não pergunte a Deus porque nasci. Eu não pedi, alguém me diga o que faço aqui, se dependesse de mim teria ficado onde estava, onde não pensava, não existia e não chorava. Prisioneiro de mim próprio, o meu pior inimigo, às vezes penso que passo tempo demais comigo. Olho para os lados, não vejo ninguém para me ajudar, um ombro para me apoiar, um sorriso para me animar Quem sou eu? Para onde vou? De onde vim? Alguém me diga, porque, me sinto assim? Sinto que a culpa é minha mas não sei bem porquê, sinto lágrimas nos meus olhos mas ninguém as vê. Estou farto de mim, farto daquilo que sou, farto daquilo que penso. Mostrem-me a saída deste abismo imenso, pergunto-me se algum dia serei feliz. Tento não me ir abaixo mas não sou de ferro. Quando penso que tudo vai passar, parece que mais me enterro. Sinto uma nuvem cinzenta que me acompanha onde estiver e penso para mim mesmo será que Deus me quer. Será a vida apenas uma corrida para a morte, cada um com a sua sina, cada um com a sua sorte. Não peço muito, não peço mais do que tenho direito, olho para trás e analiso tudo o que tenho feito. E mesmo quando errei foi a tentar fazer o bem. Não sei o que é o ódio, não desejo mal a ninguém. Vai surgir um raio de luz no meio da porcaria porque até um relógio parado está certo duas vezes por dia. Vou-me aguentando, a esperança é a última a morrer. Neste jogo incerto o resultado não posso prever e quando penso em desistir por me sentir infeliz, oiço uma voz dentro de mim que me diz: Mantem-te firme"

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