sem tirar, nem pôr.

Já não consigo escrever sobre ti, nem sobre nós. As palavras do dicionário tornaram-se de tal forma repetitivas, que nada do que eu diga parece fazer sentido. Eu gostava que continuásses a entender os sinais dos meus olhos e a traduzi-los, como sempre fizeste. Gostava que te voltasses a sentar comigo num banco de jardim e te desses conta de que há coisas que não estão ao nosso alcance mudar. Já reparaste há quanto tempo andamos nisto e a quantidade de coisas que já fizemos? Por vezes era bem mais fácil se quando se fechasse uma porta entre nós, não se abrissem logo outras, que nos vão juntar de novo. Talvez um dia isto tudo passe e tu desapareças definitivamente da minha vida, ou talvez prefiras que tudo isto fique sempre em stand-by. Tu dás voltas por tudo o que é sítio, deixas sinais da tua presença por todos os cantos por onde passas e depois ainda achas que eu me consigo esquecer de ti. Se há coisa que nunca tentei, foi fazê-lo. Dizem que não se pode tentar tirar da cabeça o que está no coração e eu também nunca iria optar por isso. No entanto, na reviravolta, nós estamos os dois felizes assim. Quer separados hoje, quer juntos amanhã, não há motivo para sofrermos com a ausência um do outro. Até porque eu já me habituei a isso e ao facto de ter de estar sem ti. Também sei que só estou porque quero e que posso mudar isso, a qualquer instante. Mas tu nunca vais ser capaz de entender aquilo que eu sinto por ti e muito menos, o quanto gostava que tudo isto fosse de outra forma. Eu cuido de ti e acho que sempre tiveste essa percepção. Mas quanto ao resto, eu sei que não vale a pena. Há pessoas que não estão destinadas a ficar juntas e nós somos o melhor exemplo disso. Sabes que eu vou gostar sempre de ti, de uma forma completamente oposta á que alguém irá, porventura, um dia, ser capaz de gostar.