e se eu escrevesse a minha história?

Se eu escrevesse a minha história...havia tanto para ser contado e na verdade, tenho a certeza que muita coisa iria ficar nas entrelinhas. Eu nasci numa terra pequena, chamada Nelas (Viseu), numa aldeia onde todos se conheciam e onde a casa de um, era a casa dos outros também. Todos os dias, sempre que a minha mãe fazia o típico e delicioso bolo de chocolate para o lanche, tocavam á campainha pessoas que nem precisavam de convite e juntavam-se connosco de forma a passarmos um agradável serão. Toda a gente diz que nas aldeias sabe-se tudo e que toda a gente fala da vida de toda gente, mas naquela não. Naquela ajudávamo-nos mutuamente. Resolvíamos tudo em conjunto e sempre que alguém saía á rua era logo bem-recebido por toda a população. Para ser sincera, tenho saudades disso. E de ir ao café do Sr. Manel 'roubar' rebuçadinhos de neve. Era tudo tão bom, tão puro e tão natural. Há mais de 10 anos que já não vou lá. E as saudades, a cada dia que passa, são maiores. Tive de sair de lá, porque os meus pais mudaram de emprego e foi aí que vim viver para o Porto, mais precisamente, para Pedrouços (Maia). Nesta época natalícia passo lá mais tempo, devido ao facto de os meus avós maternos ainda lá habitarem. Mas eu já não. Eu saí de lá aproximadamente há 8 anos. Lá só fiz o primeiro e o segundo ano de escolaridade, porque logo a seguir, mudei de cidade outra vez. Vim para o lugar no qual ainda hoje resido: Gondomar. E muito resumidamente, é isto. Sempre vivi com base em mudanças e tive de me habituar e de perceber que as coisas nem sempre são como queremos, mas como têm de ser. E quem sabe, se amanhã ou se daqui a um mês não volto a pegar nas minhas coisas e partir em torno de uma nova viagem. Afinal, é assim mesmo a vida, uma correria que não espera por ninguém.