(...)

Já perdi a noção da quantidade de tempo que passou, desde a última vez que te escrevi. Passado tanto tempo, ali estávamos nós...outra e outra vez...frente a frente, como se o tempo nunca tivesse avançado. Sabes o que eu senti? Que na verdade nunca nada mudou...que os sentimentos continuaram iguais, desde a primeira vez que os nosso olhares se cruzaram, no mesmo espaço. Demorei muito tempo a perceber que o amor, quando é forte, nunca acaba. E foste tu quem sempre me fez ver isso, foste tu quem me mostrou que por mais que eu tente fugir, ou evitar aquilo que sinto, ele continua a preencher-me todos os dias o coração e a alma. Já passou quase um ano e as nossas atitudes continuam a ser as mesmas. Só não fugimos um do outro, quando não conseguimos que isso aconteça. Porque de resto, parecemos os ladrões a fugir da polícia. Evitamos ao máximo andar pelas mesmas linhas e sempre que nos vemos, os nosso passos aceleram á velocidade da luz. Faço os possíveis para tentar não me cruzar contigo. Continuo a saber a tua rotina e a forma como passas os teus dias. É por isso que agora tu nunca me vês. Porque eu ajo sempre de forma a não presenciar os mesmos lugares que tu. Chama-lhe cobardia. Talvez seja isso. Talvez sejamos os dois cobardes e por isso tenhamos tendência a fugir da realidade. Mas é assim que isto é e assim que sempre foi. E o resto, só nós sabemos. Melhor do que tudo e todos. Melhor do que ninguém.