Lembro-me de em pequenina dizer que as nuvens que pairavam no céu eram o significado das pessoas que partiam. Cada uma era feita com base no rosto de quem não ia acordar mais. Para mim a chuva era pouco mais do que um choro de quem não está bem lá em cima, era como um sinal de revolta. Na verdade nunca conheci ninguém que pensasse na morte da forma como eu pensava, nem que encarasse o Mundo da maneira como eu o encarava. Agora cresci e sei que aquilo que achava que era certo, não tinha pés nem cabeça, era pouco mais do que pensamentos de uma criança que se punha a imaginar as respostas da vida, sem nada dela perceber. Há dias em que ainda olho para fotografias dos meus 3 anos e há outros em que nem preciso de olhar e que mesmo assim lembro-me de tudo o que aconteceu, como se fosse hoje. Sempre tive uma imaginação muito fértil e uma vontade enorme de conhecer tudo e mais alguma coisa. Detesto estar parada ou que me digam para parar. Sou como sou e não sou eu quem tem de se habituar aos outros, mas sim eles a mim. Nunca pedi a ninguém que se desse comigo. Quem se quer dar dá e quem não quer também não me faz a mínima falta. Sou assim e não vou mudar. Gosto de quem me faz bem mas acima de tudo gosto de mim e isso ninguém muda.
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